Dr. Geraldo Elisson Sugeta – Ginecologista

O QUE É A DOR PELVICA CRÔNICA?

Como definição, falamos em dor pélvica crônica aquela dor com duração de 6 meses ou mais, localizada na região da pelve, parede do abdome até na altura do umbigo, região lombar ou nádegas. Essas dores podem interferir diretamente na queda de qualidade de vida, diminui de produtividade nas atividades habituais, impacta nas relações conjugais e sociais e, até mesmo, prejudicando a vida profissional.

dor

Pode atingir de 14 a 25% das mulheres em idade reprodutiva.

A DPC é uma condição clínica desafiadora para os médicos, pois podem envolver vários órgãos e sistemas, por exemplo, sistema genital, gastrointestinal, urinário, nervoso, musculoesquelético e endócrino. Além disso ainda pode envolver fatores psicológicos e socioculturais.

Dentre os diagnósticos mais frequentes de DOR PÉLVICA CRÔNICA estão:

  • Endometriose
  • Síndrome da bexiga dolorosa / cistite intersticial
  • Constipação
  • Síndrome do intestino irritável
  • Síndrome miofascial abdominal
  • Congestão / Varizes pélvicas
  • Doença inflamatória pélvica
  • Neuralgias (dor relacionadas aos nervos)
  • Aderências
  • Leiomiomas
  • Adenomiose
  • Dor ovulatória
  • Massas anexias
  • Prolapsos genitais

COMO SERÁ A CONSULTA MÉDICA PARA INVESTIGAÇÃO DA DOR PÉLVICA CRÔNICA?

Para investigação, durante a consulta, serão abordadas as características da dor (tipo pontada, facada, cólicas, aperto, queimação…), localização e irradiação, fatores que melhoram ou pioram a essa dor, se essa dor é cíclica que coincide com período ou fase do ciclo menstrual.

A história de doenças prévias, cirurgias abdominais ou pélvicas, complicações dessas cirurgias, histórico obstétrico, antecedentes de doenças sexualmente transmissíveis, ajudam o médico a pensar nas possíveis causas da dor pélvica crônica.

O funcionamento dos diversos órgãos e sistemas também ajudam no raciocínio clinico. Por exemplo dificuldade de evacuação com obstipação intestinal, dor pra fazer xixi, que tecnicamente chamamos de disúria, dor na relação sexual ou no período menstrual.

Dentre os fatores emocionais, a história pessoal de traumas, violência sexual ou doméstica fazem parte da investigação desse quadro de dor. Além de antecedentes de transtornos depressivos ou ansiedade podem fornecer informações importantes aos médicos.

Outro dado importantíssimo se trata da mensuração da dor. Mas como cada indivíduo sente a intensidade da dor de formas diferentes, propomos uma escala analógica de dor. Sendo dor zero, paciente completamente sem dor e a dor nota 10, a dor mais intensa que ele já sentiu. Pode também utilizar a escala de faces para aquelas pessoas que se identificam mais com imagens.

EXAME FÍSICO, O QUE AVALIAR?

Outra parte fundamental para a elucidação e tratamento mais assertivo da dor pélvica crônica é a etapa do EXAME FÍSICO. Nessa etapa, além dos do exame físico geral, o médico deve aprofundar o exame baseado nos dados colhidos durante a conversa anteior.

No exame abdominal, vamos observar se há alguma deformidade evidente, presença de cicatrizes de cirurgias anteriores, aumento no tamanho de algum órgão abdominal, presença de hérnias, pontos dolorosos ao serem pressionados, aumento ou diminuição da sensilibilidade.

Já no exame pélvico, observamos alterações anatômicas da genitália externa, região vulvar, região de períneo. Pode ser necessário o toque em algumas regiões para ver a sensibilidade dolorosa e se podem ser os pontos de gatilho para dor.

No exame especular, quando passamos o aparelho parecido com bico de pato na cavidade vaginal, observamos corrimentos, lesões de mucosa da parede vaginal, observamos com muito cuidado o colo do útero e em casos de pacientes já histerectomizadas (sem útero), avaliamos a cúpula vaginal. Nesse momento, se necessário pedimos para paciente fazer uma pressão/força abdominal, a famosa manobra de valsalva, para observarmos a descida do colo/cúpula vaginal, descida de bexiga (cistocele) ou do intestino (retocele).

No toque vaginal, fazemos a palpação de espessamentos dos ligamentos que fixam o útero na pelve, procuramos por nódulos endurecidos, movimentamos o colo uterino para ver a presença de dor, além de conseguir estimar o volume de útero e ovários, sensibilidade ao toque na região de bexiga.

E OS EXAMES COMPLEMENTARES DE LABORATÓRIOS OU IMAGEM? É NECESSÁRIO PEDIR?

Os exames complementares devem ser solicitados, à critério médico, dependendo da conversa com a paciente e dos achados no exame físico para confirmar ou descartar as hipóteses diagnósticas da causa da dor pélvica crônica.

COMO SE FAZ A TERAPÊUTICA NA DOR PÉLVICA CRÔNICA?

Como a dor pélvica crônica possui múltiplas facetas, o tratamento também vai depender dos achados e diagnósticos. O conduta médica vai se basear em cada caso específico. Não existe receita de bolo ou tratamento igual para todas as pacientes com dor pélvica crônica. Na maioria das vezes será necessário, inclusive, tratamento não medicamentoso, como mudança de hábitos de vida, readequação alimentar, atividade física, momento de relaxamento e até cuidados com sono.

Dentre os medicamentos pra alivio da dor, o médico pode optar por uso de analgésicos comuns, anti-inflamatórios, opiáceos, relaxantes musculares, infiltrações locais. Alguns casos podem ser necessários uso de antidepressivo ou ansiolíticos. Em casos ginecológicos especiais pode ser necessário a supressão da menstruação, com uso de anticoncepcionais ou outros hormônios.

Alguns casos podem até ser necessário o tratamento cirúrgico especializado, por exemplo as laparoscopias para neurectomias e  histerectomias; as cistoscopias para investigação no caso de envolvimento do aparelho urinário.

CUIDADOS MULTIPROFISSIONAL E MULTIDISCIPLINAR

Em muitos casos, pedimos ajudas aos médicos de outras especialidades como urologistas, gastroenterologistas, neurologias, especialistas em dor.

E por último mas de suma importância, temos a  contribuição da equipe multidisciplinar, tais como:

  • Fisioterapeuta: fisioterapia pélvica, pilates, liberação miofascial
  • Nutricionista: orientação de dieta anti-inflamatória
  • Psicologia: sessões de terapia

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